Fatores que influenciam o reganho de peso.

reganho de peso

O reganho de peso é um dos grandes desafios do emagrecimento. Pois, mais difícil do que perder peso, é não ganhar peso novamente.

E não pense que as pessoas que emagreceram e ganharam peso novamente são fracas e não tiveram força de vontade.

A discussão é muito mais complexa e envolve fatores fisiológicos, comportamentais e ambientais.

O nosso corpo é incrível e tenta nos manter em um peso estável. 

Há mecanismos fisiológicos que atuam para que não ganhemos muito peso, assim como para não perdermos muito peso.

Mas, aparentemente, os mecanismos contra o ganho de peso são mais frouxos do que aqueles envolvidos na perda de peso.

Aproximadamente ¼ dos indivíduos com sobrepeso reportam sucesso na manutenção do peso perdido.

Aparentemente a intervenção de dieta e exercícios apenas, não são suficientes para proporcionar a manutenção do peso perdido no longo prazo. 

O que faz da obesidade um problema muito mais complexo de se resolver do que apenas “comer menos e gastar mais”.

Mecanismos fisiológicos, comportamentais e ambientais estão envolvidos no reganho de peso e é sobre eles que vamos nos aprofundar nesse artigo.

Adaptações fisiológicas no emagrecimento que favorece o reganho de peso

Nosso peso corporal é regulado por um complexo sistema neuro-hormonal. 

Em qualquer dieta para emagrecimento há uma tendência do nosso organismo reduzir nosso gasto energético.

Nosso gasto energético de repouso reduz durante a perda de peso, já que é dependente do nosso peso corporal.

Se nosso peso reduz, nosso gasto energético no exercício também reduz. Assim, ocorre uma diminuição do gasto energético total durante a perda de peso. 

Além de alterações em mecanismo que regulam a saciedade e o estoque energético.

Hormônios relacionados ao apetite têm um grande papel no reganho de peso. 

Pois, após a perda de peso há aumento de hormônios envolvidos na fome e diminuição de hormônios envolvidos na saciedade.

Com a perda de peso ocorre aumento de grelina e peptídeo inibidor gástrico (GIP – em inglês), que são hormônios envolvidos no aumento da fome (orexígenos) (1, 2).

E há diminuição de hormônios como leptina, peptídeo YY, colecistoquinina (CCK), amilina, insulina e GLP-1 que estão envolvidos com o aumento da saciedade (anorexígenos) (1, 2).

E essas alterações hormonais decorrentes da perda de peso podem persistir por um período longo.

Indivíduos que ganham peso novamente apresentam menores níveis de leptina e maiores níveis de grelina.

A fome aumenta, a saciedade diminui e o gasto energético está menor. 

É uma combinação favorável ao aumento da ingesta calórica, aumento do estoque de energia (gordura) e reganho de peso.

O efeito compensatório na perda de peso, com alteração em hormônios da saciedade, promove um grande papel no reganho de peso.

Isso torna o reganho de peso um assunto complexo, e não deve ser encarado como “falta de força de vontade” do indivíduo.

Outro ponto é que além desse mecanismo homeostático, há influências hedônicas sobre a ingestão alimentar (2).

Se o apetite fosse controlado apenas por homeostase, nossa alimentação serviria apenas para suprir questões nutricionais, mas não é bem assim que funciona. 

A aparência, sabor, textura e cheiro dos alimentos juntamente com aspectos sociais e emocionais impactam na ingestão alimentar.

Há sinalizações no hipotálamo de vias do sistema de recompensa que aumentam a motivação e procura por alimentos altamente palatáveis (ricos em gordura e açúcar) (1, 2).

E atualmente vivemos rodeados de alimentos altamente palatáveis, no qual dificultam ainda mais o controle da ingestão alimentar.

O ambiente obesogênico no reganho de peso

Com o nível de globalização e tecnologia que vivemos atualmente, assim como o desenvolvimento da indústria alimentícia. Os alimentos ultraprocessados e hiperpalatáveis se tornaram cada vez mais acessíveis e mais baratos.

É muito mais fácil conseguir comprar na rua uma porção de batata chips do que uma porção de frutas ou um shake proteico. 

Em cada esquina há um fast food diferente, com propagandas, cartazes e letreiros altamente chamativos e atraentes.

Hoje o celular se tornou um utensílio essencial para nós. E com ele os aplicativos de comida.

Que manda um cupom de desconto perto da hora do almoço ou do jantar com promoção de alguma pizzaria, ou fast food.

Manutenção da perda de peso

Fatores comportamentais (estilo de vida) contribuem bastante nos sucesso do emagrecimento.

O sucesso no emagrecimento pode ser definido pela manutenção de 10% do peso perdido por pelo menos um ano ou mais. 

Utilizando dados do Registro Nacional de Controle do Peso, onde participantes perderam em média 30 kg e mantiveram um mínimo de 13,6 kg de peso perdido em uma média de cinco anos e meio (3).

Foram encontrados alguns padrões comportamentais entre os participantes considerados bem sucedidos na manutenção do peso:

1 – Fizeram um dieta hipocalórica, com menor quantidade de gordura (low fat – as gorduras correspondiam a menos de 25% das calorias da dieta);

2 – Tomavam café da manhã todos os dias (78%);

3 – Se pesavam frequentemente, ao menos uma vez na semana (78%);

4 – Faziam exercício físico de forma regular. Pelo menos 1 hora por dia (91%).

Podemos ver que baseado nesse estudo, fatores importantes como uma dieta para emagrecimento mantendo o déficit calórico, exercício físico e o monitoramento do peso foram cruciais para o sucesso do emagrecimento.

Fatores comportamentais, ambientais, fisiológicos vão contribuir para o sucesso no emagrecimento.

São fatores muito complexos e muito conectados para serem julgados como uma simples “falta de força de vontade” pelo indivíduo que teve reganho de peso.

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