O óleo de coco não é saudável nem vai te emagrecer.

óleo de coco

Atualmente o óleo de coco tem uma alta popularidade e é amplamente divulgado como um óleo saudável inclusive que ajuda no emagrecimento/perda de peso.

Isso não só aqui no Brasil, mas em outros locais do mundo.

Em 2016, uma pesquisa mostrou que 72% dos americanos viam o óleo de coco como um óleo saudável (1).

Isso reflete um grande sucesso no marketing desse óleo e de indústrias relacionadas.

Provavelmente você já ouviu grandes influencers e pessoas renomadas falando muito bem sobre esse óleo, que é um óleo saudável e que vai te ajudar a emagrecer.

Inclusive posts prontos sobre seus benefícios rodam em inúmeras páginas no Instagram.

O que vou falar aqui não é minha opinião sobre o que eu acho ou não desse óleo.

O que vou falar aqui está pautado em evidências científicas atualmente disponíveis.

Por que o óleo de coco não é considerado saudável?

O óleo de coco é rico em gordura saturada, cerca de 90% (2). Principalmente ácido láurico (48%) e ácido mirístico (19%) (3).

O consumo exagerado de gordura saturada na dieta pode aumentar os níveis plasmáticos de colesterol LDL (em termos didáticos colesterol ruim) (4).

E o aumento do colesterol LDL está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de aterosclerose e doenças cardiovasculares (DCV) (4, 5).

O óleo de coco comparado com óleos vegetais não tropicais mostrou uma elevação no colesterol total. Tanto LDL quanto HDL (6).

“Mas se ele também aumenta o colesterol HDL, não seria bom para o coração?”

O óleo de coco aumenta os níveis do colesterol HDL (em termos didáticos colesterol bom).

No entanto, o aumento do colesterol HDL visando a redução do risco cardiovascular não tem tanto impacto, como a redução do colesterol LDL (5).

E seu efeito no aumento do colesterol é muito provavelmente atribuído ao seu alto conteúdo de gordura saturada.

A substituição de gorduras saturadas por gorduras poli-insaturadas presentes nos óleos vegetais reduziram os eventos de doenças cardiovasculares (DCV) em 30% (5).

Atualmente, não há evidências que suportem a substituição de óleos vegetais não tropicais pelo óleo de coco para redução do risco cardiovascular (5, 6, 7).

Afirmações sobre benefícios do óleo de coco como alívio de inflamações, melhora na homeostase da glicose e redução do tecido adiposo não tem suporte da literatura, conforme resultados de uma metanálise publicada em 2020 (6).

As recomendações atuais é que a ingestão de gordura saturada na dieta não ultrapasse 10% das calorias totais ingeridas (5, 8).

O que significa que você não precisa excluir o óleo de coco da sua dieta.

Se você gosta, você pode consumir com moderação dentro desses 10%, já que ele é uma fonte de gordura saturada.

O que não é prudente é tratá-lo como um óleo saudável e fazer um consumo exagerado, como vem acontecendo atualmente.

O óleo de coco não emagrece

Outra afirmação feita nas redes sociais é que o óleo de coco ajuda no emagrecimento.

E a justificativa para isso seria por conta dos triglicerídeos de cadeia média (TCM) presente em sua composição.

No qual os TCM podem ajudar na perda de peso e gordura por um aumento na oxidação de gorduras e aumento do gasto energético pela ativação do sistema nervoso simpático (9).

No entanto, o óleo de coco não tem tanto TCM assim. Contém apenas cerca de 23,16% de TCM (10). 

Apenas 20 a 30% do ácido láurico segue as vias de metabolização de TCM (veia porta) (10).

Apesar de ser considerado um TCM, o ácido láurico se comporta mais como um triglicerídeo de cadeia longa (TCL) em nosso organismo, pois sua maior parte é absorvida via quilomícrons (2).

Assim, seria necessário uma maior quantidade de óleo de coco para uma boa quantidade de TCM (10).

Mas, com uma dose maior, maior será a ingestão de gordura saturada e de calorias.

Será que vale a pena ingerir uma maior quantidade calórica para obter um pouco de gasto energético produzido pelo TCM? Fica aí o questionamento.

Atualmente não há evidências consistentes de que o óleo de coco tenha algum efeito benéfico na perda de peso/emagrecimento. São necessários mais estudos na área.

Diante disso, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO):

Posicionam-se contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde (11).

Devido seu alto conteúdo de gordura saturada, com evidências de aumento do colesterol LDL, o óleo de coco não pode ser considerado um óleo saudável.

Além disso, não há evidências consistentes atualmente que afirmam que o óleo de coco promova ou auxilie na perda de peso/emagrecimento.

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