Os 3 medos nutricionais que já tive por conta do medo de engordar.

medo de engordar

Parte da minha infância e parte da minha adolescência eu era bem gordinho. E para ser sincero não me incomodava em nada. Mas, no momento em que eu consegui emagrecer, o medo de engordar surgiu.

Já contei minha história aqui, mas para resumir. Em um determinado momento em que eu resolvi emagrecer, foi porque eu queria ver minha barriga com gomos, eu queria ver meu abdômen definido, coisa que nunca tinha visto.

Então fui mudando coisas na alimentação, inicialmente retirando açúcar, refrigerante, fritura. Havia saído da musculação, estava focado apenas nos estudos, mas resolvi que ia pular corda e fazer abdominais em casa.

Ao longo do tempo a alimentação foi ficando mais restrita e realmente os resultados começaram surgir, perdi gordura, mas perdi massa muscular também (um pouquinho que tinha), já que não estava fazendo musculação.

O ano se passou e eu havia perdido cerca de 10 kg. Fiquei bastante magro, magro mesmo e com o abdômen definido, que era o que eu queria ver.

No ano seguinte entrei na musculação, agora queria ganhar massa muscular, mas sem ganhar gordura.

Isso me leva ao meu primeiro medo nutricional por medo de engordar. 

1 – Medo de comer gordura

Foi muito complicado naquela época ter um abdômen definido, esteticamente acho bem legal. Então não queria perder aquela definição.

Nessa época foi quando eu entrei de fato na musculação (2010). E queria ganhar músculos sem ganhar gordura.

E naquele momento eu acreditava que se eu comece gordura, ganharia gordura. Era uma época em que o acesso à informação não era assim tão amplo, como hoje.

Passei a evitar toda e qualquer fonte de gordura da alimentação por medo de engordar.

Então os ovos eu comia apenas a clara, às vezes usava apenas uma gema. Leite e derivados eram sempre desnatados ou com teor de gordura reduzido.

Nem fio de azeite eu usava para grelhar a carne. Utilizava o grill elétrico sem nada ou fazia o frango na água. 

Sabe aquele frango branco “frito” na água, pois era ele mesmo que eu comia.

Ao longo de um tempo vi que não era bem assim. Fui adquirindo um pouco mais de conhecimento e esse medo se resolveu espontaneamente.

A gordura é importante estar na nossa alimentação, cerca de 20 a 35% das nossas calorias diárias proveniente das gorduras já é uma boa quantidade, principalmente de gorduras mono e poliinsaturadas.

Nessa mesma época, quem queria ganhar massa muscular ouvia a seguinte frase:

“Se passar um tempo sem comer, você vai catabolizar, se quer ganhar músculos você precisa comer de 3 em 3 horas.

Isso nos leva ao meu segundo medo nutricional, que na verdade não era por medo de engordar, mas por medo de perder massa muscular.

2 – Medo de passar mais de 3 horas sem comer

Isso nem era um medo, era praticamente um pavor. 

O medo de catabolizar era enorme. Já tinha pouco músculo, era uma luta diária de treino para construir massa muscular.

Então era quase uma regra para mim, comer de 3 em 3 horas para evitar esse temido catabolismo muscular.

E se passou de 3:10h sem comer e sem comida à vista, já começava surgir um desespero, que aquele dia na academia foi perdido, e que ia perder o pouco de massa muscular.

Hoje em dia, é algo cômico, mas na época era um medo absurdo. 

Catabolismo muscular não é algo que ocorre assim rápido, simplesmente porque ficou algumas horas sem se alimentar. 

Catabolismo muscular é algo crônico e depende de uma série de fatores, não ocorre assim do dia para a noite.

Inclusive tinha toda uma questão relacionada com aceleração do metabolismo quando comia de 3 em 3 horas.

No entanto, uma maior frequência de alimentação mostrou não ter relação com aumento do metabolismo (1, 2, 3, 4).

Mas, na questão do ganho de massa muscular é interessante fracionar a quantidade de proteína ingerida.

Não pelo fato da absorção, pois absorvemos toda a proteína que ingerimos em uma refeição, no entanto a síntese proteica não é infinita.

Então, é interessante fracionar as proteínas do dia. Pelo menos em 4 refeições já é legal para uma boa síntese proteica.

Mas, não precisa ser de 3 em 3 horas. Nem haverá catabolismo muscular se passar um período maior sem comer.

O meu terceiro medo nutricional, também por medo de engordar, foi o medo de carboidratos.

3 – Medo de carboidratos

Em uma determinada época eu acabei reduzindo a quantidade de carboidratos que ingeria.

Não era bem uma low carb, pelo menos não bem estruturada.

Nessa época eu tinha entrado no crossfit (2016), tinha ouvido algo sobre dieta paleo, pesquisei um pouco mais e resolvi adaptar algumas coisas na minha rotina para ver o resultado.

Acabou que eu vi uma definição muscular bem aparente como nunca tinha visto. 

Passei a comer mais gordura, principalmente pela manhã e no lanche da tarde, deixava os carboidratos no almoço e no jantar após o treino.

Até aí sem muitos problemas. 

A questão é que eu comecei comer toda e qualquer fonte de gordura, inclusive bastante gordura saturada. E comecei a ter medo das fontes de carboidratos.

Comia bacon quase todos os dias, carnes gordas. Talvez pelo tempo que tenha seguido não tenha alterado muita coisa no perfil lipídico.

Mas, a alta ingestão de gordura saturada ao longo do tempo está relacionada com o desenvolvimento de aterosclerose e doenças cardiovasculares.

E como estava com um bom nível de definição muscular, comecei ficar com medo de aumentar carboidratos com alimentação já rica em gordura e perder essa definição.

Passei um período comendo bastante gordura e menos carboidratos.

Passei a estudar mais e vi que aquele padrão de alimentação não estava legal. Nem para performance no exercício (crossfit), nem para a manutenção de uma boa saúde no longo prazo, devido ao alto consumo de gorduras saturadas.

A partir daí passei a ter um maior equilíbrio na alimentação.

Todos esses anos de muitos erros e também acertos, me fizeram desenvolver uma relação mais saudável com os alimentos.

Não é saudável ter medo dos alimentos ou nutrientes, não é saudável ter medo de engordar.

Isso pode te levar a fazer restrições sem sentido e trocas desnecessárias e muitas vezes desvantajosas tanto para a saúde quanto para o rendimento no exercício.

Esses medos sem fundamentos me levaram a ter experiências, estudar e buscar informações para entender que:

Radicalismo nutricional não é bom.

Terrorismo nutricional não é bom.

E a falta de informação ou informação sem fundamento não agrega e pode levar a tomar atitudes incorretas e/ou desnecessárias.

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